Xavier Alcácer Sanchis (ESP)


Parapapa
Aperitivo musical
Sete quilos de batatas fritas, um “rangido” multiplicado e uma interacção real entre público e performer. Junto ao espectador, estarão três caixas com 10 sacos de batatas fritas cada uma, que permanecem à espera enquanto que outras duas caixas por abrir permanecem no centro do espaço. A partir deste momento a minha acção consiste em convidar o público a participar, pegando num saco e comendo as batatas. Desde esse mesmo instante o público passa a ser interprete deste concerto improvisado, no qual os ruídos produzidos ao mastigar se transformam em material sonoro. Quando isto sucede, dirijo-me ao centro do espaço, abro as duas caixas centrais e início uma improvisação rítmica complementar junto do público. Primeiro comendo devagar, uma batata após outra e subindo o ritmo até que não posso comer mais e o público aborrece-se da imagem de verme comer e assim deixa de fazê-lo também. Inicío então uma batalha de lançamento de batatas que são devolvidas pelo espectador criando uma chuva de sons que vai subindo de intensidade. De repente deixo de as lançar e o espectador, ao não ser agredido, cessa o seu lançamento. Volto a comer ao ritmo normal... Este é um pouco o funcionamento do concerto, trata-se de um jogo de acção/reacção entre público e performer no qual estas duas partes cobram a mesma importância. Sem a participação de ambos não pode existir a peça. Definitivamente poderíamos dizer que a acção pretende ressaltar a importância do mínimo, do som quotidiano dando-lhe uma nova visão, um tratamento artístico para gerar uma obra em que som, cheiro e sabor se misturam atrás da experiência, do instante.